"O bom leitor lê o que se escreve nas linhas, o pesquisador, as entrelinhas."
Flanklever

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Iluminação


Uma iluminação adequada é uma condição imprescindível para a obtenção de um bom ambiente de trabalho. A inobservância deste ponto resulta normalmente em consequências mais ou menos gravosas, tais como: danos visuais, menor produtividade e aumento do número de acidentes.
Por exemplo, o cansaço decorrente de um esforço visual é função das condições ou características da iluminação, para além do tempo despendido em ambiente laboral.
Deste modo, poder-se-á definir conforto visual como a existência de um conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão visual.
A iluminação ideal é a que é proporcionada pela luz natural, tal como defendido nos principais diplomas legais sobre condições de HST em locais de trabalho.
Contudo e por razões de ordem prática, o seu uso é, por vezes, restrito, havendo necessidade de recorrer, frequentemente, à luz artificial.
A qualidade da iluminação artificial de um ambiente de trabalho dependerá fundamentalmente:
·         Da sua adequação ao tipo de atividade prevista;
·         Da limitação do encandeamento;
·         Da distribuição conveniente das lâmpadas;
·         Da harmonização da cor da luz com as cores predominantes do local.
Visão
O olho é o órgão recetor da luz. As excitações que este órgão recebe são constituídas por ondas eletromagnéticas que constituem o espectro eletromagnético da luz visível.
Imagem 1- Estrutura do olho humano
O nosso sentido de visão é altamente sensível a estímulos mínimos, podendo detetar a luz de uma estrela longínqua ou a chama de um fósforo em noite clara, a 15 km de distância. É, contudo, muito limitada a faixa de radiação por nós percetível, estando restrita a uma zona que vai de, aproximadamente, 380 a 740 nm, isto é, do violeta ao vermelho.
Imagem 2- Gama de radiação captada pelo olho humano


A energia radiante emitida por uma fonte luminosa ou refletida por um corpo é projetada na retina pelo sistema ótico do cristalino, tal como acontece numa máquina fotográfica. A íris dilata ou contrai a pupila, controlando assim a quantidade de luz que entra no olho. Na parte posterior da íris, o cristalino recebe os raios de luz e muda constantemente a sua forma para permitir a focagem, mudanças essas conhecidas por acomodação. As excitações luminosas, uma vez transformadas em impulsos bioelétricos nos órgãos de receção, passam pelos centros nervosos até ao cérebro, que os interpreta, permitindo assim a visão dos objetos.

Patologias da Iluminação Deficiente
Um aspeto importante a evitar em termos de Higiene do Trabalho é a fadiga visual, que se manifesta por uma série de sintomas de incomodidade que vão desde:
·         Uma visão toldada,
·         Dores de cabeça,
·         Contração dos músculos faciais e mesmo por uma postura geral do corpo incorreta.
Estes sintomas podem ter origem quer num nível de iluminação deficitário como num nível de iluminação excessivo, obrigando a um esforço de acomodação suplementar dos músculos oculares, assim como das células recetoras dos estímulos visuais.
As pausas na observação têm um efeito benéfico sobre os dois tipos de fadiga visual.

Parâmetros da Iluminação

Fluxo luminoso ou Potência luminosa
É a quantidade total de luz emitida por uma fonte luminosa numa unidade de tempo (t), em todas as direções, medida logo à saída da fonte. A unidade de medida é o lúmen (lm).
O fluxo luminoso é um dado que normalmente é obtido dos fabricantes de lâmpadas e aparelhos de iluminação.

Iluminância ou Nível de iluminação
É uma medida do fluxo emitido numa determinada direção por unidade de superfície. É medida através de um aparelho chamado luxímetro, o qual é basicamente constituído por uma célula fotoelétrica, sendo a unidade de medida o lux (lx).
Os higienistas do trabalho servem-se deste conceito para adequarem nível de iluminação com a atividade num determinado espaço, permitindo determinar a concentração de fluxo luminoso pela superfície ou plano de trabalho onde o trabalhador executa as tarefas.
O seu valor depende diretamente da potência luminosa da fonte de luz mas igualmente da distância e o ângulo que a mesma faz com o plano de trabalho.

Luminância ou Brilho de uma superfície
É uma medida do fluxo emitido, transferido ou refletido pela superfície ou objetos onde este incide, atingindo a visão do trabalhador. A unidade de medida é a candela/m2 e o aparelho de medição é o luminancímetro.

Níveis de Iluminação
Em função do tipo de tarefas a executar pelo trabalhador e do respetivo grau de exigência visual, deverá ser determinado o nível de iluminação (iluminância) mais adequado para o posto/local de trabalho onde esta ocorra. Em suma, o nível de iluminância deverá ser proporcional ao nível de esforço visual requerido ao trabalhador para a execução da tarefa. Não será também de negligenciar o facto de a nossa capacidade (acuidade) visual ser distinta ao longo da nossa vida, sofrendo uma degradação mais acentuada a partir dos 40 anos, quer em termos de visibilidade, quer em termos de leitura.
Atualmente não existem limites definidos em termos dos níveis de iluminação recomendados para os locais de trabalho, pelo que se recorre a linhas de orientação internacionais: norma ISO 8995: 2002.
Como orientação geral, podemos utilizar o quadro seguinte:

Note-se que o incumprimento dos valores recomendados deverá dar origem à tomada de medidas de reforço do nível de iluminação, assim como o excesso poderá favorecer a fadiga visual, sendo igualmente uma situação a corrigir.

Contrastes e Encandeamento
No desempenho das tarefas não só o nível de iluminação (iluminância) deverá ser o mais adequado como o contraste obtido pelo tipo de iluminação deverá ser eficaz ao ponto de permitir distinguir os objetos, mas não fatigar o aparelho ocular.
Assim, devemos distinguir o contraste de iluminâncias existentes no campo visual próximo e central do contraste do campo visual periférico e distante.
As recomendações são as seguintes:
·         Todos os objetos do campo de visão deverão possuir diferentes brilhos, permitindo a sua clara identificação;
·         As superfícies do campo visual central não deverão possuir um contraste superior a 3:1;
·         O contraste entre o campo visual central e periférico não deve exceder 10:1;
·         O campo visual central deverá ser mais brilhante do que o campo visual periférico;
·         Deverá ser evitado o contraste no campo visual inferior ou lateral face ao campo visual superior;
·         As fontes de luz não devem contrastar com o fundo numa relação superior a 20:1;
·         As fontes de luz não devem incidir num ângulo inferior a 30º medido do nível horizontal da visão do trabalhador.
Na prática devem ser evitados: tampos de mesa refletores, tábuas pretas em paredes brancas, paredes brancas brilhantes com soalhos escuros, elementos de máquinas polidos.
As janelas devem estar equipadas com persianas ajustáveis ou com cortinas translúcidas de modo a evitar um contraste excessivo em dias de sol. Uma correta distribuição das fontes de luz no interior de um ambiente de trabalho tem igualmente uma importância fundamental na prevenção do encandeamento.
Imagem 3- Cuidados a ter na colocação de lâmpadas, evitando a colocação abaixo dos 30º do nível horizontal dos olhos.

Tipos de Lâmpadas e de Luminárias

As luminárias são dispositivos que distribuem, filtram ou transformam a iluminação proveniente de uma ou várias lâmpadas e que incluem os elementos necessários para fixar e proteger essas lâmpadas e para ligá-las a uma fonte de energia. Podem também atender a finalidades decorativas. Quando à forma como a luz é distribuída, as luminárias são classificadas em diretas, semidirectas, difusas, semi-indirectas e indiretas.
Cuidados a ter na colocação de lâmpadas, evitando a colocação abaixo dos 30º do nível horizontal dos olhos.

Imagem 4-


Exemplos de diferentes tipos de luminárias
Lâmpadas de incandescência
As lâmpadas de incandescência constituem o tipo de lâmpadas mais antigo. A sua instalação é fácil, o seu custo é relativamente baixo e a restituição de cores dos objectos por elas iluminados é muito boa, principalmente para as de maior comprimento de onda. Apresentam contudo um rendimento luminoso baixo e uma vida relativamente curta (cerca de mil horas, para as lâmpadas normais). Não são porém afetadas, quanto ao tempo de vida, pelo número de vezes que se acendem.
Lâmpadas fluorescentes
O rendimento luminoso destas lâmpadas é mais elevado do que o das lâmpadas de incandescência, bem como o seu tempo devida (cerca de quinze mil horas). Este é contudo condicionado pelo número de arranques.
Outros tipos de lâmpadas
Além das lâmpadas incandescentes e das lâmpadas fl uorescentes existem outros tipos de lâmpadas entre as quais as de vapor de mercúrio (de alta pressão) e de vapor de sódio (de alta e baixa pressão).
O seu rendimento luminoso é também superior ao das lâmpadas incandescentes.
Modernamente, surgiram, com elevado sucesso, as lâmpadas de halogéneo, o que em parte se deve às suas qualidades específi cas. Com efeito, estas lâmpadas mantêm o fl uxo luminoso praticamente constante ao longo de toda a sua vida. Contudo, emitem uma energia global bastante superior à das lâmpadas de incandescência, apresentando riscos para os olhos e para a pele, devido sobretudo à radiação ultravioleta. É, pois, recomendável não utilizar este tipo de lâmpadas em iluminação directa, salvo quando equipadas com um vidro de protecção adequado.
Actualmente utilizam-se ainda, sobretudo em grandes superfícies, lâmpadas de vapor de mercúrio com iodetos metálicos, de grande rendimento lumínico.
Manutenção das instalações de iluminação
A manutenção da rede de iluminação deve ser cuidadosamente planeada, por razões de ordem técnica e económica. Um primeiro e importante cuidado a ter é a limpeza periódica das luminárias, a fim de que o rendimento das mesmas não seja afectado pela acumulação das poeiras. Também o estado das paredes e tetos deverá ser regularmente verificado.
Os custos de uma eventual lavagem ou pintura são certamente compensados pelos ganhos na qualidade da iluminação. É igualmente importante a existência de uma boa ventilação.
Outro aspeto importante a considerar é o da substituição, em grupo, das lâmpadas fluorescentes.
O momento ideal para a substituição global das mesmas ocorre ao atingirem de 60 a 75% da sua vida útil provável. A partir deste valor, a sua fiabilidade decresce rapidamente.
Outra vantagem de uma actuação preventiva deste tipo é o melhor aproveitamento da mão-de-obra responsável, permitindo ainda a execução da tarefa a uma hora conveniente, fora do horário normal de serviço ou quando de uma paragem da produção. A substituição em grupo comporta, pois, menores custos e beneficia a conservação da própria instalação.

Webgrafia:
·         “Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho Ambiente”. Disponível em http://www.fiequimetal.pt/~fiequime/images/livros/ambiente-trabalho.pdf . Acedido a 22 de Maio de 2012.

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