"O bom leitor lê o que se escreve nas linhas, o pesquisador, as entrelinhas."
Flanklever

terça-feira, 8 de maio de 2012

Extintores- Meios de 1ª Intervenção

Caríssimos Leitores,
Chegou o momento de vos começar a contar as minhas experiências enquanto Técnica de Higiene e Segurança no Trabalho, já realizei algumas auditorias a diferentes tipologias de estabelecimentos. Nas próximas publicações o que pretendo fazer é um levantamento e abordagem dos conteúdos que é necessário ter em atenção quando realizamos uma auditoria.
(Fonte:http://alarmedia.pt/site/index.php?option=com_content&view=article&id=11&Itemid=28)
Vou começar então por falar nos extintores, estes são os meios mais adequados para atacar um incêndio na sua fase inicial. A sua devida utilização permite atacar as chamas incipientes e controlar ou conter o seu desenvolvimento.
Um extintor de incêndios pode salvar vidas, extinguir um fogo ou controlá-lo até à chegada dos bombeiros. No entanto, os extintores portáteis só são eficazes quando utilizados corretamente e se forem observadas determinadas condições. Assim, é necessário ter em conta, por exemplo, que quando se utiliza a água como agente extintor é necessário garantir que não existe equipamento elétrico sob tensão. No caso de líquidos combustíveis deve ter-se um cuidado especial com o uso da água, sobretudo em jacto, para evitar dispersar o combustível e propagar ainda mais o incêndio.
Os extintores devem estar em perfeito estado de funcionamento. A inspeção dos mesmos deve ser feita periodicamente, pelo menos uma vez por ano, e em alguns casos duas vezes por ano. Os modelos recarregáveis devem ser recarregados por uma empresa especializada após cada utilização parcial ou total.
Um extintor é sempre considerado como um equipamento de primeira intervenção. Apesar das suas dimensões relativamente reduzidas e da sua fácil utilização, o manuseio de um extintor requer algum treino básico.
Os extintores são geralmente classificados de acordo com o produto ou agente extintor utilizado e que deve ser a adequado a cada tipo de fogo. Assim, os extintores contêm geralmente água, dióxido de carbono, gases inertes, espuma, agentes halogenados, pós químicos etc. O agente extintor contido no interior do extintor atua sobre a combustão por arrefecimento, abafamento, inibição de reações químicas ou por uma combinação destes fatores.
A aquisição de cada tipo de extintor deverá pois ser feita de acordo com o tipo de risco a proteger. Os extintores de água e de pó químico polivalente ABC são os que têm uma utilização mais universal e os mais adequados ao maior número de tipos de incêndios que podem ocorrer em geral em edifícios ou instalações industriais, salvo certos tipos de incêndio, como por exemplo os que têm origem em aparelhos ou equipamento com corrente elétrica.

Tipos de Extintores
·         Extintores de pressão não permanente
Nos extintores de pressão não permanente o agente extintor e o gás propulsor estão separados e apenas este último se encontra sob pressão, num cartucho instalado no interior do próprio extintor ou no exterior do mesmo. Quando o extintor é ativado, o gás propulsor é libertado do cartucho para o interior do extintor onde se vai misturar com o agente extintor, aumentando a pressão interna. A partir desse ponto o processo é semelhante ao descrito anteriormente.

·         Extintores de pressão permanente
Hoje em dia a maioria dos extintores que se encontra em aplicações comuns é do tipo “pressão permanente”. Neste tipo de extintor o agente extintor e o gás propulsor encontram-se misturados no interior do extintor, a uma determinada pressão (geralmente indicada por uma pequeno manómetro instalado no extintor). Quando o extintor é ativado o agente extintor, já sob a pressão da mistura, é expelido por um tubo até à extremidade do difusor. A descarga pode ser controlada através de uma válvula que existe na extremidade do tubo ou na cabeça do extintor.

Tipo de Agente Extintor

·         Água
A água é o agente extintor de incêndio por excelência mas é sobretudo indicada para fogos de classes A (sólidos). A água atua na combustão sobretudo por arrefecimento, sendo a sua elevada eficiência de arrefecimento resultante de uma elevado calor latente de vaporização. A água é mais eficaz quando usada sob a forma de chuveiro, dado que as pequenas gotas de água vaporizam mais facilmente que uma massa de líquido, absorvendo mais rapidamente o calor da combustão. No entanto, em alguns casos é necessário utilizar água em jacto sólido, quando se pretende, por exemplo, obter um maior alcance da água para combate a incêndios em fachadas de edifícios, etc.

·         Agentes Halogenados
Os agentes halogenados são substâncias contendo elementos ou compostos de flúor, cloro, bromo ou iodo. Os agentes halogenados são utilizados sobretudo em instalações fixas de proteção. Exemplos de agentes halogenados são os produtos genericamente designados por FM-200, FE13, etc.

·         Halon
Os halons são hidrocarbonetos halogenados sendo que o nome genérico “halon” tem sido frequentemente utilizado na designação de um conjunto de hidrocarbonetos halogenados. O halon é um agente extintor que teve grande sucesso no combate a incêndio dadas as suas propriedades enquanto gás relativamente limpo e eficaz em fogos das classes A, B e C e riscos elétricos. O halon, contendo elementos químicos como o bromo, flúor, iodo e cloro atua sobre o processo de combustão inibindo o fenómeno da reação em cadeia. No entanto, apesar da sua comprovada eficiência este produto encontra-se interdito por razões de ordem ambiental. Existem hoje em dia gases de extinção alternativos, considerados limpos e sem os efeitos adversos do halon sobre a camada de ozono, nomeadamente os gases inertes e os agentes halogenados, tais como por exemplo a Argonite, Inergen, FM200, FE13 etc. No entanto a utilização deste tipo de produtos em extintores portáteis não se encontra generalizada dado que a maioria deles se destina sobretudo às instalações de extinção fixas em salas fechadas. É comum encontrar-se dióxido de carbono como alternativa ao halon em extintores portáteis, dado tratar-se de um gás inerte, mas a sua utilização tem particularidades nomeadamente no que diz respeito à segurança do utilizador e equipamento a proteger.

·         Dióxido de Carbono
O dióxido de carbono é um gás inerte e mais pesado que o ar, atuando sobre a combustão pelo processo de “abafamento” isto é, por substituição do oxigénio que alimenta as chamas, e também em parte por arrefecimento. Como se trata de um gás inerte, tem a grande vantagem de não deixar resíduos após aplicação. O grande inconveniente deste tipo de agente extintor é o choque térmico produzido pela sua expansão ao ser libertado para a atmosfera através do difusor do extintor (a expansão do gás pode gerar temperaturas da ordem dos –40 °C na proximidade do difusor, havendo portanto um risco de queimaduras por parte do utilizador). Também por esta razão o CO2 não é utilizado em alguns tipos de equipamento que funcionam com temperaturas elevadas.
Apesar de não ser tóxico, o CO2 apresenta ainda outra desvantagem para a segurança das pessoas, sobretudo quando utilizado em extintores de grandes dimensões ou em instalações fixas para proteção de salas fechadas: existe o risco de asfixia quando a sua concentração na atmosfera atinge determinados níveis.
Por não ser condutor de corrente elétrica geralmente recomenda-se este tipo de agente extintor na proteção de equipamento e quadros elétricos.

·         Gases Inertes
Os gases inertes contêm sobretudo elementos químicos como o Árgon, Hélio, Néon, Azoto e dióxido de carbono. Este tipo de agente extintor não é normalmente utilizado em extintores portáteis de incêndio mas sim em instalações fixas, para proteger, por exemplo salas de computadores e outros riscos semelhantes. A sua eficiência é relativamente baixa pelo que geralmente são necessárias grandes quantidades de gás para proteção de espaços relativamente pequenos, que devem ser estanques para não permitir a dispersão do agente extintor para o exterior. Exemplos de agentes extintores constituídos por gases inertes são os produtos conhecidos com os nomes comerciais “Inergen” e o “Argonite”.

·         Pó Químico
O pó químico é o agente extintor mais utilizado em extintores portáteis sobretudo em riscos mais comuns como os edifícios de escritórios e edifícios com ocupações caracterizadas por um risco de incêndio relativamente reduzido.
O pó químico é eficiente em fogos de classes A, B e C, mas tem como principal desvantagem o efeito de contaminação que se produz após a utilização de um extintor deste tipo. Muitas vezes escolhe-se outro tipo de extintor quando se entende que este tipo de agente extintor representa um risco para o equipamento a proteger. No entanto, o pó químico é eficiente e como não se dispersa tanto na atmosfera como um gás, permite atacar as chamas de modo mais rápido e eficaz. Os extintores portáteis de pó químico mais vulgarmente utilizados têm capacidades de 6 kg, 9 kg e 12 kg. Também existem extintores de pó químico móveis, de cerca de 30 kg ou 50 kg de capacidade.
Por outro lado, a manutenção deste tipo de extintores requer atenção especial à obstrução de válvulas e orifícios do extintor por partículas de pó, sobretudo se o extintor foi parcial e indevidamente utilizado.

·         Espuma
A espuma é um agente extintor polivalente podendo ser usado em extintores portáteis, móveis e instalações físicas de proteção. Existem basicamente dois tipos de espumas: as espumas físicas, obtidas por um processo mecânico de mistura de um agente espumífero, ar e água, e as espumas químicas, obtidas pela reação química entre dois produtos que se misturam na altura da sua utilização. Este último tipo caiu em desuso sobretudo devido à sua fraca eficiência e pelos riscos associados ao armazenamento e manuseamento dos produtos químicos necessários à sua formação.
A espuma física é adequada para instalações de proteção fixa de unidades de armazenamento de combustíveis, por exemplo, ou outros riscos que envolvem líquidos combustíveis e inflamáveis, e classificam-se basicamente em espumas de baixa, média e alta densidade, consoante a respetiva densidade.

Componentes de um Extintor
Os extintores são constituídos pelas seguintes peças fundamentais:
• Corpo ou reservatório do extintor, destinado a armazenar o agente extintor;
• Válvula de descarga, destinada a fazer atuar o extintor, permitindo a passagem do agente extintor para o exterior;
• Manípulo ou punho, faz atuar a válvula de descarga;
• Cavilha de segurança, tem como função libertar o manípulo que actua a válvula de descarga;
• Percutor: é a peça que abre o reservatório de gás auxiliar contido no interior dos extintores de pressão não permanente;
• “Tubo de pesca” ou sifão, conduz o agente extintor desde o interior do corpo do extintor para a válvula de descarga;
• Tubo ou mangueira: conduz o agente extintor para o exterior através de um difusor ou bico de descarga o difusor colocado na sua extremidade. Nos extintores de dióxido de carbono o difusor é geralmente de cor preta e de grandes dimensões.


Imagem 1- Esquema de um extintor de pressão não permanente utilizando uma carga interna propulsora de CO2
(Fonte: http://sapadoresdecoimbra.no.sapo.pt/Extintores.htm)


Webgrafia:
·         Pronaci. Higiene e Segurança no Trabalho, Ficha Técnica PRONACI,  edição de 2002. Disponível em http://pme.aeportugal.pt/Aplicacoes/Documentos/Uploads/2004-10-15_16-45-18_Logistica.pdf. Acedido a 7 de Maio de 2012.

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