(Fonte:
http://www.mesasaude.com /2010/05/ rastreabilidade-de-alimentos.html) |
Um
dos aspetos a termos em conta quando realizamos uma auditoria é o controlo da rastreabilidade, dependendo
do tipo de estabelecimento. Por exemplo numa padaria é importante haver um
controlo da rastreabilidade de modo a saber qual o “caminho” que o pão segue
até chegar ao consumidor final. Caso haja algum problema consegue-se saber qual
o lote a que pertencia o alimento que se encontrava impróprio, conseguindo-se
tomar medidas para que o problema não se propague recorrendo ao bloqueio ou à
recolha.
A recolha ou o bloqueio são medidas que
impedem a distribuição de um produto perigoso bem como a sua oferta ao
consumidor. O bloquei entende-se por a medida tomada para prevenir a
distribuição ou colocação à disposição do consumidor do produto. A recolha é qualquer medida tomada para
conseguir que o produto depois de ser distribuído ou disponibilizado aos
consumidores pelo produtor ou distribuidor seja recolhido e retorne para a
fábrica ou armazém.
Figura 1- Esquema genérico de um processo de recolha de produto. (Fonte:http://globalgap.agrinov.wikispaces.net/7.7+Rastreabilidade) |
A rastreabilidade
deve funcionar como forma de responsabilização social de fornecedores,
distribuidores e consumidores, garantindo a segurança do produto, através da
identificação, do registo e da rotulagem.
Embora pareça que a rastreabilidade apenas diz respeito ao
Sector da Indústria, esta torna-se muito importante para a restauração, pois é
necessário saber escolher os fornecedores a que se recorre.
A globalização, a diversificação da
cadeia alimentar, os avanços tecnológicos e as alterações dos hábitos e exigências
dos consumidores, têm vindo a determinar novas estratégias no sector alimentar,
principalmente em termos de gestão da qualidade, segurança dos produtos e
transparência na informação, para reduzir os estragos causados pelo período
conturbado, resultante das crises alimentares que se fizeram sentir, e repor a
confiança dos consumidores.
Figura 2- Alguns conceitos (Fonte: http://www.isa.utl.pt/files/pub/deasr/docs/sem04/12_mar/Rastreabilidade_e_QA.pdf) |
Rastreabilidade na União Europeia
Atualmente, a União Europeia é o
maior importador/exportador mundial de alimentos e bebidas. Daí que, vários
passos têm sido dados no seio da Europa para encontrar mecanismos, sistemas e
procedimentos que, de uma forma eficiente, possam conferir a segurança e a
confiança dos consumidores.
O Livro Branco da União Europeia
sobre a Segurança Alimentar avança propostas que "transformarão a política
alimentar da União Europeia num instrumento prospetivo, dinâmico, corrente e
completo, permitindo assegurar um elevado nível de proteção da saúde humana e
dos consumidores".
Uma política alimentar eficaz requer
a rastreabilidade dos alimentos destinados aos humanos e aos animais, bem como
aos seus ingredientes, o que significa que todas as empresas do sector da
alimentação, animal e humana, têm que dispor de sistemas que permitam
identificar:
- Os seus fornecedores de géneros alimentícios;
- Os fornecedores dos alimentos para animais;
- Os fornecedores dos animais produtores de géneros
alimentícios;
- As empresas às quais elas forneceram este tipo de
produtos.
A
rastreabilidade foi definida pelos sistemas de gestão da qualidade,
especialmente pelas normas ISO. Neste sentido, a norma ISO 9001:2000 define-a
como “a habilidade para traçar o historial, aplicação ou localização do que se
está a considerar”. Esta definição, talvez não seja tão clara como a definição
da norma ISO 8402:1994 que a define como “a habilidade para traçar o historial,
aplicação ou localização de uma entidade mediante a recompilação de dados”.
O Regulamentonº 178/2002 define rastreabilidade como “a habilidade para traçar e seguir um
alimento, rações, animais produtores de alimentos, substâncias incorporadas em
alimentos ou rações, através de todas as etapas de produção e distribuição.” A
partir de Janeiro de 2005, a aplicação da Diretiva será obrigatória em todos os
países da União Europeia.
É preciso ter um conhecimento sólido de toda a cadeia
alimentar, a fim de identificar os "pontos
críticos de controlo" ao longo da referida cadeia e a partir daí os
controlos apropriados. Só por si, a rastreabilidade não melhora a segurança dos
géneros alimentícios e dos alimentos para animais, mas estabelece a
transparência necessária às medidas de controlo eficazes.
Sendo a rastreabilidade
uma medida preventiva que visa permitir procedimentos de recolha de produto
do mercado, sempre que necessário, por razões de segurança alimentar, deve por
isso mesmo incluir um seguimento interno nas cadeias de aprovisionamento das
próprias empresas agroalimentares, isto é desde a receção das matérias-primas
até aos produtos terminados.
Figura 3- Para assegurar a gestão de risco e "maitriser" a qualidade (Green e Hy, 2003) (Fonte: http://www.isa.utl.pt/files/pub/deasr/docs/sem04/12_mar/Rastreabilidade_e_QA.pdf) |
O princípio da
rastreabilidade requer que seja possível, para todas as unidades de consumo:
-
Identificar a fábrica e o fabricante;
-
Fazer o histórico de todos os produtos relevantes e relatórios de qualidade;
-
Identificar o fornecedor de todas as matérias-primas utilizadas nos seus
processos de produção;
-
Traçar ou localizar todas as unidades que constituem um lote, ao longo de toda
a cadeia de distribuição.
O segredo para a rastreabilidade é a identificação do
lote, seguindo-se dos registos da fábrica e do armazém, estes devem ser
estruturados de forma a permitir uma rápida recolha de informação e a
identificação do cliente para todas as mercadorias entregues.
Deverá ser estritamente efetuado o seguimento de todas as
paletes completas na cadeia de distribuição até à mudança de propriedade e
devem ser feitos todos os esforços de forma a alargar a rastreabilidade na
distribuição, até ao nível das lojas. Quando tal se aplicar, cada palete
carregada é uma unidade chave de seguimento que deve ser identificável em
qualquer momento e em qualquer ponto da cadeia de abastecimento. Isto significa
que todas as paletes devem ser identificadas e etiquetadas imediatamente após a
paletização.
Embora pareça que a rastreabilidade apenas diz respeito
ao Sector da Indústria, esse facto não é, de todo, verdade. Ao nível do Sector
da Restauração e Bebidas, temos que saber escolher, e conhecer, os nossos
fornecedores. Em muitos casos, para a rastreabilidade a montante, devemos
contar com fornecedores de confiança. Assim, uma forte relação de confiança,
com um reduzido número de fornecedores, é uma necessidade absoluta, tanto mais
forte quanto maior o risco de algumas matérias-primas ou ingredientes.
Tabela 1- Vantagens e
Desvantagens da Rastreabilidade
Vantagens
|
Desvantagens
|
Demonstrar
capacidade de controlo sobre produtos, processos e matérias-primas;
|
Dificuldades
na Implementação do Sistema de Rastreabilidade;
|
Identificar
rapidamente possíveis problemas e imputar responsabilidades;
|
Processo dinâmico e de
implementação complexa;
|
Permitir
recolhas de produto mais rápidas, melhor direcionadas e a custos menores;
|
Implica
boa relação de cordialidade e transparência entre todos os intervenientes da
cadeia;
|
Criar confiança perante os consumidores
finais;
|
Obriga a alterações
logísticas e operacionais;
|
Responder às exigências legais;
|
Depende
da organização e conservação de toda a documentação;
|
Fortalecer
laços de confiança entre clientes e fornecedores baseados em relações e
trocas de informação mais transparentes;
|
Quando aplicado
isoladamente não traduz segurança ao produto → depende de outros sistemas
(HACCP e códigos de boas práticas).
|
Auxilia
no posicionamento das marcas no mercado;
|
|
Estimula
a concorrência através da diferenciação da qualidade.
|
|
A rastreabilidade é um ponto de controlo que deve ser
tido em conta, mas o que se verifica na maioria das auditorias que realizei é
que isso não acontece, as pessoas acham que é muito trabalhoso registar tudo. É
muito importante que como Técnicos que saibamos consciencializar e sensibilizar
mostrando o porquê de ser tão importante preencher os registos e quais as
vantagens que daí advém e os perigos que podem ocorrer se não houver o
preenchimento.
Webgrafia:
·
FONTES, Magda. “Rastreabilidade e qualidade
alimentar: Algumas reflexões”. Disponível em http://www.isa.utl.pt/files/pub/deasr/docs/sem04/12_mar/Rastreabilidade_e_QA.pdf.
Acedido em 27 de Abril de 2012.
·
Qualfood. “A rastreabilidade como mecanismo
de segurança alimentar”. Disponível em http://qualfood.biostrument.com/?option=noticia&task=show&id=200.
Acedido em 30 de Abril de 2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário