A procura da proteção da vida humana associada à segurança no consumo de géneros alimentícios, assim como a crescente globalização tornou necessário a criação de diversas regras de higiene aplicáveis aos alimentos. O controlo dos riscos alimentares deve então ser estabelecido de forma a proteger e garantir a saúde pública.
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O HACCP - Hazard Analysis and Critical Control Points, que pode ser traduzido como Sistema de Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos, é uma metodologia reconhecida internacionalmente e usada pelas entidades do sector alimentar. Este sistema teve origem nos EUA pela NASA. Com a publicação, em 1991, de “orientações” ”sobre a aplicação do HACCP como uma forma de redução da contaminação microbiológica, pela Comissão do Codex Alimentarius, criada pela Organização Mundial de Saúde e pelo Fundo da ONU para a Alimentação, desenvolvendo assim padrões de segurança alimentar e diretivas, o HACCP tornou-se aceite internacionalmente.
Em Portugal, o sistema HACCP transcrito da Diretiva Comunitária, foi publicado no Decreto-Lei n.º 67/98 de 18 de Março de 1998. Deverá ser realçada a sua compatibilidade com sistemas de qualidade já implementados, como por exemplo ISO 9000, onde os procedimentos de HACCP podem ser integrados em termos de segurança alimentar.
O sistema HACCP é uma ferramenta muito importante na proteção alimentar, consistindo num método preventivo. A sua implementação previne/minimiza os riscos alimentares, através da eliminação ou redução da probabilidade de ocorrência de uma eventual toxinfeção alimentar. Os principais objetivos do HACCP são a análise de potenciais perigos para a saúde dos consumidores nas atividades do sector alimentar, a identificação das fases/ locais onde esses mesmos perigos podem ocorrer e a decisão de quais são críticos para a saúde do consumidor. Esta metodologia permite que as entidades se focalizam nas fases e condições de produção críticas para a segurança alimentar, assegurando através do seu controlo que os seus produtos são seguros em termos de saúde dos consumidores.
O HACCP baseia-se num sistema de engenharia conhecido como AMFE – Análise do Modo de Falhas e Efeitos, no qual que se identifica, em cada etapa do processo, os erros que podem ocorrer, as suas causas e efeitos prováveis, para que desse modo se estabeleçam mecanismos de controlo mais adequados
A implementação do HACCP só pode ser realizada se houver cumprimento dos pré-requisitos, ou seja, não pode haver aplicação deste sistema num sector alimentar que não possua programas de boas práticas de higiene, de acordo com o Código Internacional de práticas: Princípios Gerais de Higiene Alimentar, Código de boas práticas (Codex).
Toda a indústria alimentar deve possuir procedimentos ou etapas universais que verificam condições operacionais e que garantam situações favoráveis à obtenção de um alimento seguro. Devem ser criados de uma forma sólida, ser inteiramente operacionais e verificados de forma a facilitar a aplicação e implementação com êxito do sistema HACCP.
Um plano HACCP bem implementado garante a satisfação do cliente e transmite confiança na compra de produtos alimentares, pelo que deve ser sempre encarado como uma ferramenta útil na promoção do produto alimentar.
De acordo com a legislação em vigor são considerados pré-requisitos HACCP:
De acordo com o Codex Alimentarius (CAC, 2009) o sistema HACCP baseia-se em 7 princípios que devem ser usados e considerados na sua aplicação.
Princípios Gerais do Sistema de HACCP | |
O sistema de HACCP baseia-se em 7 Princípios que devem ser usados e considerados na sua aplicação. | |
1.º Princípio | Análise dos perigos. |
2.º Princípio | Determinação dos pontos críticos de controlo (PCC). |
3.º Princípio | Estabelecimento dos limites críticos para cada ponto crítico de controlo (PCC). |
4.º Princípio | Estabelecimento de procedimentos de monitorização para controlo de cada ponto crítico. |
5.º Princípio | Estabelecimento das ações corretivas a tomar quando um dado PCC se encontra fora dos limites aceitáveis. |
6.º Princípio | Estabelecimento de procedimentos para a verificação que evidenciem que o sistema de HACCP funciona efetivamente. |
7.º Princípio | Estabelecimento de sistemas de registo de dados que documentam todo o plano de HACCP. |
Fonte:http://qualfood.biostrument.com/center/conteudos/ver_conteudo.php?id_conteudo=238
A implementação do sistema de HACCP passa por várias e distintas fases, no quadro abaixo aparece cada uma e a respetiva descrição.
Implementação do Sistema de HACCP | |
De acordo com recomendações do Codex Alimentarius, a aplicação prática destes princípios deve seguir os seguintes passos. | |
1.º | Definir os termos de referência – âmbito do Plano de HACCP |
2.º | Formação da equipa HACCP |
3.º | Descrição do produto |
4.º | Identificação do uso pretendido do produto |
5.º | Elaboração de diagrama de fluxo e esquema da área de fabrico |
6.º | Verificação (in loco) do diagrama de fluxo e esquemas da fabrica |
7.º | Identificação de perigos associados a cada passo (Princípio 1) |
8.º | Aplicação da árvore de decisão HACCP para determinação de PCC's (Princípio 2) |
9.º | Estabelecimento dos valores alvo e dos limites críticos para os PCC's (Princípio 3) |
10.º | Estabelecimento dos procedimentos de monitorização (Principio 4) |
11.º | Estabelecimento das acções correctivas (Principio 5) |
12.º | Estabelecimento de procedimentos de verificação (Principio 6) |
13.º | Estabelecimento de sistemas de registo e arquivo de dados que documentam o plano de HACCP (Principio 7) |
14.º | Revisão do plano de HACCP |
Fonte:http://qualfood.biostrument.com/center/conteudos/ver_conteudo.php?id_conteudo=238
A implementação do HACCP na restauração não é fácil por muitos motivos:
· Formação insuficiente pelo responsável e manipuladores;
· Imensos processos e imensas variáveis devido à grande variedade de pratos confecionados;
· Muitos processos e variáveis não são controlados instantaneamente;
· Ambiente não controlado;
· Exigência dum elevado conhecimento em segurança alimentar e não haver pessoal competente;
· Falta de avaliação adequada da implicação dos perigos;
· Definição correta dos limites críticos;
· Alteração de alguns hábitos e comportamentos já enraizados nos trabalhadores;
· Ser uma tarefa de grande complexidade e que exige o envolvimento de todos;
· Qualificação de fornecedores / obtenção de documentação necessária;
· Implementação do requisito de rastreabilidade;
· Controlo e gestão documental.
No decorrer destas três semanas de estágio já tive oportunidade de acompanhar os técnicos em saídas de campo e perceber como se passa da teoria à prática. A legislação existente é muito rigorosa e exige muito por parte dos proprietários é deveras importante que estes tenham consciência e conhecimento de todo o processo para posteriormente obterem bons resultados.
Webgrafia:
· O essencial do HACCP. Disponível em http://qualfood.biostrument.com/center/conteudos/ver_conteudo.php?id_conteudo=238. Acedido em 16 de Março de 2012.
· Portal de Segurança Alimentar. Etapas do HACCP. Disponível em
http://www.segurancalimentar.com/conteudos.php?id=60. Acedido em 16 de Março de 2012.
Muito bem descrito todas as normas :)
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